Existe uma nítida hipersimplificação da mensagem política nas sociedades actuais que explica muito do sucesso dos movimentos populistas de esquerda e direita e da erosão na representação dos partidos moderados e que vão desde a direita Liberal e conservadora (em Portugal até ao CDS) até aos partidos ligeiramente mais à esquerda dos de centro-esquerda (até ao BE e PCP em Portugal).
Esta hipersimplificação está ligada ao fenómeno da política "fastfood" em que o cidadão (a metade que vota em Portugal ou os 25% nos EUA ainda participam nas eleições) não tem nem paciência, nem preparação para analisar os programas eleitorais e a capacidade dos partidos para os executarem e opta por decisões simples, com dados primários ou simplificados ou pré-mastigados por comentadores profissionais para decidir o seu sentido de voto. A política profunda, de longo alcance, que repudia a constante presença dos holofotes e a espuma dos dias dos pequenos factos ou da demagogia de massas e que não teme apresentar os factos tal como eles são e que opta pelo longo em detrimento do curto prazo não é recompensada. Nesta "política dos dias" feita de soundbytes e de happenings a profundidade é a das poças de água à beira-praia e importa mais a capacidade mimética ou a capacidade performativa do actor do que o conteúdo da peça que memorizou e que agora leva a palco.
Estes são os tempos da fulanização radical da política e do protagonista que seca tudo à sua volta. São os tempos em que dentro dos partidos se torna muito difícil construir alternativas de poder e onde qualquer discurso que se afaste do panegirico puro é automaticamente demarcado e isolado. Estes são também os tempos em que os partidos se apagam, onde perdem conteúdo ideológico, onde ninguém - realmente - lê os programas eleitorais e onde os protagonistas esgotam todo o palco mediático numa busca incansável pelo último twet, pela último modelo de saia-assessor ou da mais gritante frase-bomba. É a política da espuma dos dias, sem conteúdo nem substância que explica a desilusão da maioria dos cidadãos pela política activa e que deixa o palco vazio para que possa - mais facilmente - ser preenchido pelos populismos de esquerda ou de direita que agora entraram no Parlamento e que o contam usar como plataforma de projecção de poder.